sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tese/Manifesto


MovimentA PMDB
Corrente Política

Twitter: @movimentapmdb


Companheiros(as),

           
            Nosso Partido, como todos sabem, é o maior do Brasil.

E esta dimensão e importância trazem em seu cerne uma necessidade de representação e diálogo com o povo, cada vez mais estreita e qualificada, ainda mais identificado com a população, com os movimentos organizados, mas principalmente, com o cidadão comum, aquele sem sindicatos, ONG’s, associações, aquele que é o Brasileiro que vive dentro de todos nós.

A política, assim como a sociedade, tem sofrido velozes transformações que, bem ou mal, estão postas no cenário nacional. Na verdade, muito mudou nos últimos anos, quando vivemos a década da globalização da economia e da popularização da internet, o que impetrou profundas mudanças sócio-político-econômicas no mundo. Esses fatos acabam por pressionar os partidos a se atualizarem e se sintonizarem com esse novo momento, pois, caso contrário, deixarão de ter a capacidade de representar as demandas da população – principal razão de existir dos partidos políticos em geral.

O PMDB não pode deixar de buscar a constante atualização de suas ações, idéias, programas e políticas públicas.

Nosso Programa Partidário que começou a ser escrito no início da década de 1990, foi concluído em meados de 1996, quinze anos atrás, e inevitavelmente acabou por ficar extremamente desatualizado. Não que o texto do Programa seja ruim ou ineficaz para propor as melhorias para o Brasil daquela época, ao contrário! Mas estamos no século XXI e nele é que devemos nos situar.
           
Algo parecido ocorre com o PMDB-RS.

O PMDB gaúcho é famoso nacionalmente pelas suas posições coerentes e firmes em defesa da ética, democracia e da justiça social. Nosso passado nos orgulha e serve de estrutura para que desenhemos nossos traços ideológicos de partido social-democrata de centro-esquerda. Ninguém ousa discordar que nossos feitos até hoje constam como parte do que há de saldo positivo da política brasileira.

Pensamos e nos propomos a conservar, disseminar e defender esse legado. Mas, para nós, apenas isso não é suficiente. Queremos ir adiante.

É preciso atualizar o discurso político do PMDB, compreender que a ascensão de milhões de brasileiros da classe E para as classes D e C significa uma incrível oportunidade de desenvolvimento para o país, que isso faz girar a roda da economia e pode significar uma época de “pleno emprego” no Brasil.

Aliado a essa mobilidade social, o Brasil encontra-se exatamente no momento em que especialistas definem como “janela de oportunidade”. Até 2020 haverá mais brasileiros economicamente ativos do que inativos no país, fato que deverá gradualmente se alterar até que, em 2039 segundo projeções do IBGE, ocorrerá o “crescimento demográfico zero”.

Preparar o Brasil, o Rio Grande do Sul e nossos municípios para que nossa população seja beneficiada por essa economia dinâmica e esse “bônus demográfico” deve ser um desafio do PMDB.

Devemos, para isso, nos debruçarmos em temas atuais, modernos.

É preciso debater o investimento na Educação Pública com a propriedade de um partido que busca a remodelação do Ensino Médio, hoje com altas taxas de evasão, que faça conectar nosso jovem ao Ensino Técnico-Profissionalizante, grande porta de entrada para o mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que sabemos da importância do Ensino Superior, bem como os meios de acesso a ele. Também imprescindível é o investimento em pós-graduação e em ensino tecnológico, aproveitando essa imensa mão-de-obra jovem para inseri-la no mercado de trabalho de maneira qualificada e que também gere retorno ao país, numa espécie de feed-back educacional e tecnológico.

Travar idéias sobre a redistribuição dos tributos entre os entes federados; a excessiva centralização do poder e recursos nas mãos da União; a organização federativa ultrapassada que assola o Brasil e leva os estados e seus municípios a confrontos fratricidas na busca de investimentos externos; falar sobre o descaso do Governo Estadual com a empobrecida metade oeste do Rio Grande do Sul; abordar a viabilidade, ou não, da meritocracia em todos os níveis da administração estatal; ter uma posição definida sobre a Reforma Política e seus desdobramentos; desmistificar a discussão sobre a reforma agrária e os pequenos produtores rurais; buscar experiências no campo do desenvolvimento econômico, com respeito ao meio ambiente; colocar na pauta a discussão de uma possível e necessária mudança na perspectiva de desenvolvimento, infraestrutura, matriz energética e reconvenção produtiva nas regiões degradadas do RS, enfim, repensar o País, a região e suas escolhas! 

Mostrar a população que nosso partido tem no âmago de sua criação e de seu futuro a luta política, a luta da construção de mudanças equilibradas, capazes de contemplar amplamente a sociedade brasileira, lutar para qualificar a representação política, pois é ela a atividade capaz de transformar o Brasil e a sua história. No Congresso Nacional o Brasil aboliu a escravatura, no Congresso Nacional o PMDB matou de “morte matada” a ditadura militar, no Congresso Nacional o Brasil cassou um presidente corrupto, ou seja a representação e a luta política só fazem bem ao Brasil.

É impossível conceber que em um Partido deste tamanho todos pensem da mesma forma e entendam a política e sua prática de maneira uníssona. Por certo que todos filiados e militantes do PMDB estão abrigados sobre o manto da luta democrática, motivo de ser e semente geradora de nosso Partido, mas seria somente esta a luta que nos cabe ou coube lutar? Não temos outras posições formadas sobre assuntos fervilhantes no campo político atual? Não podemos mais ser levados a reboque de outros partidos e simplesmente “aceitar” participar de Governos que não acompanhem a luta histórica do PMDB.

Criar uma nova corrente política, de pensamento e ação, não significa renunciar à unidade política necessária para a implementação de políticas públicas transformadoras, nem significa necessariamente alguma dissidência ou algo semelhante. O PMDB unido e forte, no rumo das vitórias eleitorais ou no comando competente de gestões nas diferentes esferas, deve traduzir esperança ao povo brasileiro, o que é algo que todos perseguimos.

Com esta motivação, achamos necessário que o PMDB tenha claro as suas correntes de pensamento e suas tendências políticas. A sociedade precisa saber o que pensamos, e porque assim o pensamos, sobre os principais temas do Brasil, do Rio Grande do Sul e dos Municípios.

Por esta razão, lançamos nesta data a corrente de pensamento MovimentA PMDB, não com o objetivo de dividir ou criar indisposições internas dentro de nosso partido, mas sim, como uma forma de levantar questões importantes sobre o futuro que queremos para o nosso querido PMDB e, e ao cabo, aglutinar tendências de pensamento e idéias que visem identificar o partido com as novas lutas almejadas por esta sociedade cada vez mais exigente e descrente na classe política.

Estão todos convidados a participar deste foro democrático e plural.


Porto Alegre, 19 de novembro de 2011.